Vida na morte: "O retrato oval", de Poe

O norte-americano Edgar Allan Poe (1809-1849), poeta, contista, autor de um único romance (“A narrativa de Arthur Gordon Pym”), foi um homem assombrado por muitos demônios, nem todos originados de sua imaginação. Apesar de ser conhecido principalmente por suas histórias de terror, é tido como criador da ficção policial e também contribuiu para os gêneros da fantasia e da ficção científica.

Leia o conto O retrato oval, de Edgar Allan Poe

Entre suas obras mais conhecidas estão o poema “O corvo” e os contos “O coração delator”, “A queda da casa de Usher” e “A máscara da morte rubra”, todos constantemente antologizados e homenageados por outros escritores.

O conto que viria a ser “The Oval Portrait” foi publicado originalmente em abril de 1842 sob o título “Life in Death”. Este foi posteriormente reduzido, excluídos alguns parágrafos iniciais que explicavam como o narrador havia sido ferido (numa escaramuça com bandidos) e que havia usado ópio “para sarar a dor” (oi, Zeca Baleiro). A nova versão resultou num dos contos mais curtos de Poe e foi publicada em 1845.

Era o retrato de uma jovem ainda no desabrochar de sua feminilidade. Olhei rapidamente para a pintura e, ato contínuo, fechei os olhos. A princípio, nem para mim mesmo ficou claro por que fiz isso.

O retrato oval” trata do custo da arte e, de maneira mais geral, da relação entre real e ideal, tangível e intangível. A história da bela jovem cuja saúde entra em declínio ao posar para o marido artista parece ecoar diretamente as circunstâncias do próprio escritor, que, poucos meses antes de publicar o conto, havia tomado conhecimento da tuberculose que acometia sua jovem esposa, Virginia Clemm, e acabaria por matá-la. Virginia não via com bom olhos a inclinação do marido para a poesia, da mesma forma (embora não necessariamente pelo mesmo motivo) que a jovem esposa odiava a musa do pintor.

Havia identificado o encanto da imagem na absoluta vivissimilhança da expressão, que, a princípio surpreendente, acabara por me confundir, conquistar e amedrontar.

Outras abordagens do tema da arte no gênero do terror/horror podem ser encontradas em obras como O retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde – que, anos antes da publicação do romance, havia elogiado Poe por sua “expressão rítmica” –, “O mezzotinto”, de M. R. James, “O caso de Charles Dexter Ward”, de Lovecraft, e “Vampiro”, de Jan Neruda.

Leia o conto O retrato oval, de Edgar Allan Poe

Fontes: Wikipedia, The Classic Horror Blog.

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