Hanns Heinz Ewers, A aranha

"Vi-os pendurados lá – o mascate suíço, um sujeito gordo e de pescoço largo com a barba grisalha por fazer; o esguio acrobata; e o parrudo sargento. Vi-os todos, um após o outro e depois os três ao mesmo tempo, pendurados na mesma escápula, a boca aberta e a língua de fora. Em seguida, me vi entre eles."
Hanns Heinz Ewers (1871-1943) foi um ator, poeta, filósofo, contista e romancista alemão. Seu romance mais conhecido é Alraune, parte de uma trilogia que conta as aventuras do explorador Frank Baun.

A história de Ewers é, para dizer o mínimo, complicada: durante a I Guerra, atuou como agente alemão nos EUA e no México. Envolveu-se posteriormente com o Partido Nazista e escreveu a biografia oficial de Horst Wessel, oficial nazista morto durante uma briga de rua. No entanto, em razão da própria homossexualidade e por discordar de seu antissemitismo, entrou em choque com o NSDAP. Em 1934, suas obras foram banidas e seus bens, confiscados, deixando-o na miséria.
"Sua aparência? Bem, realmente não sei dizer. Tem cabelos negros muito ondulados e é um tanto pálida. O nariz é pequeno e fino, com narinas tiritantes. Os lábios são pálidos, também, e, quando ri, seus dentes parecem aguçados, como os de alguma fera. As pálpebras projetam longas sombras e seus grandes olhos escuros são cheios de luz."
“Die Spinne”, originalmente publicada em 1915, é não raro vista como uma história de vampiro – sua belle dame sans merci tem até o mesmo nome da morta apaixonada de Gautier –, mas há nela elementos suficientes para sugerir ideias diferentes. Algo em Clarimonda me faz pensar na antagonista do excelente Ghost Story, de Peter Straub.

Leia A aranha, de Hanns Heinz Ewers, em tradução minha.

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