T’yeer-na-n-Oge, de W. B. Yeats

[Existe um país chamado Tír-na-n-Og, que significa Terra dos Jovens, pois a velhice e a morte não o descobriram; tampouco lágrimas e gargalhadas dele se aproximaram. Os bosques mais densos o ensobrecem perpetuamente. Um homem apenas esteve lá e voltou. O bardo Oisen, que cavalgou um corcel branco por sobre as ondas em companhia de sua fada Niamh, lá viveu durante trezentos anos e depois voltou à procura de seus companheiros. No momento em que seus pés tocaram o solo, seus trezentos anos se lhe abateram, ele se encurvou e sua barba arrastou no chão. Antes de morrer, descreveu sua estada na Terra da Juventude a Patrício. Desde então, muitos a viram em diferentes lugares; alguns nos fundos dos lagos, donde ouviram subir um vago badalar de sinos; outros mais, olhando desde os penhascos ocidentais, a viram ao longe, no horizonte. Há menos de três anos, um pescador imaginou vê-la. Nunca aparece senão para anunciar alguma comoção nacional.

Há muitas crenças semelhantes. Um piloto holandês estacionado em Dublim disse a monsieur De La Boullage Le Cong, durante sua viagem à Irlanda em 1614, que, em redor dos polos, havia muitas ilhas; algumas difíceis de se aproximar por causa das bruxas que as habitavam e que lançavam mão de tempestades para destruir aqueles que tentavam aterrar. Certa vez, próximo à costa da Groenlândia, na latitude 61º N, avistara e se aproximara de uma dessas ilhas apenas para vê-la desaparecer. Navegando em sentido oposto, dera novamente com a mesma ilha, e tendo se aproximado, seu barco quase foi destruído por uma tormenta furiosa.

De acordo com muitas histórias, Tír-na-n-Og é a morada favorita das fadas. Dizem alguns que é tripla – a ilha dos viventes, a ilha das vitórias e uma terra submersa.]


Extraído de: W. B. Yeats (Org.). Fairy and folk tales of the Irish peasantry.
Project Gutenberg, 28 out. 2010. Disponível em: https://www.gutenberg.org/files/33887/33887-h/33887-h.htm.


Tradução: Rodrigo R. Carmo

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